Texto base:
“Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue”.
Atos 20.28
Introdução
Quando Daniel Berg e Gunnar Vingren desembarcaram do navio Clement na baía de Guajará, em Belém do Pará, em 19 de novembro de 1910, procedentes dos Estados Unidos da América, nem sequer sonhavam com o tamanho que iria se tornar a obra a qual vieram iniciar em terras brasileiras. A profecia feita em Chicago pelo irmão Adolf Uldin em um culto de oração, concretizara-se: “A chamada de Deus é para ir ao Pará”. Depois da ida à biblioteca, descobriram que este lugar ficava no Brasil. Vieram com fogo nos corações e nenhuma garantia. Não havia alguém na chegada para recepcioná-los; não havia igreja enviadora e nem base alguma estabelecida; somente o desejo de pregar a boa-nova pentecostal e a convicção de que o Deus da obra estava cuidando de todos os detalhes.
Depois de alguns meses hospedados em um templo batista, para aprenderem o português, a mensagem pentecostal entrou em conflito com a doutrina batista. Em uma reunião feita às pressas, em uma certa terça-feira, em um culto extraordinário, foi perguntado: “Quantos estão de acordo com essas falsas doutrinas?” 18 pessoas levantaram suas mãos e foram imediatamente retiradas do rol de membros da Igreja Batista, e saíram, para nunca mais voltar.
“E agora, irmão Daniel? – disse Vingren – Não temos onde morar, não temos nem um local para receber os irmãos”. “Não se preocupe, meu irmão – respondeu Berg – pois Jesus tomará conta de nós, como tem tomado até aqui”. A sala ampla de uma casa foi oferecida e na noite seguinte foi realizado o primeiro culto pentecostal no Brasil [com brasileiros]. Esse primeiro culto foi realizado na Rua Siqueira Mendes, 67, na casa da irmã Celina Albuquerque, esposa de um comandante de um navio que atuava no rio Amazonas, cujo nome era Henrique. Ela foi a primeira pessoa a ser batizada com o Espírito Santo, no Brasil.
O início do Movimento
Nascia, então, no dia 18 de junho de 1911, o embrião das Assembleias de Deus, à época ainda com o nome Missão da Fé Apostólica, como o movimento era conhecido nos EUA. O nome ‘Assembleia de Deus’ veio a ser incorporado apenas em 1918. A igreja iniciou com 18 crentes brasileiros, dois missionários suecos e algumas crianças que ainda não eram batizadas nas águas. Não tinham nem ao menos um templo para congregar, mas os corações transbordavam da presença divina. Era tudo o que Deus precisava para mover todo o Brasil pelo seu Santo Espírito.
O Brasil nasceu católico. As velas das naus de Pedro Álvares Cabral estampavam a Cruz de Malta. O primeiro nome do Brasil foi Ilha de Vera Cruz. O primeiro culto foi uma missa, realizada pelo Frei Henrique de Coimbra, em 26 de abril de 1500. O primeiro Censo Demográfico ocorrido no Brasil foi realizado em 1872, e indicou que 99,7% da população era católica. Apenas 0,1% (cerca de dez mil pessoas) foram registradas como protestantes (especialmente imigrantes europeus). Cerca de cem anos depois, a população aumentou quase dez vezes, quando o percentual de católicos caiu para 91,8% e o de evangélicos subiu para 5,2%. Em 1991, os católicos eram 73,6% e, em 2000, pela primeira vez, o número absoluto de católicos caiu. O gráfico abaixo mostra esse panorama histórico:
A contribuição assembleiana
A Igreja Assembleia de Deus é a instituição com mais templos espalhados pelo Brasil, somando quase 44 mil, mais do que qualquer outra denominação, inclusive a Igreja Católica. O movimento, que nasceu na sala de uma casa, com apenas cinco anos, já contava com 15 templos e centenas de evangélicos. Esse crescimento expandiu-se, década após década. A implementação do projeto Década da Colheita no Brasil foi uma das razões do “boom”, no crescimento das Assembleias de Deus nos anos 90. O IBGE, no Censo de 1990, divulgara que o número de assembleianos no Brasil era pouco mais de dois milhões. Porém, no Censo de 2000, o instituto afirmou que já havia mais de oito milhões. Houve um salutar crescimento na década de 90, e isso se deve, sem sombra de dúvida, ao esforço evangelístico implementado pelas Assembleias de Deus nesse período. Quais seriam as razões para esse crescimento assombroso?
As Assembleias de Deus crescem por causa da importância dada à pessoa e à obra do Espírito Santo. “O Espírito Santo é a razão do avanço da Igreja”, lembrou o pastor José Wellington Bezerra da Costa, na abertura da Convenção Geral em janeiro de 2003, no Estádio Rei Pelé, em Maceió/AL.
As Assembleias de Deus crescem por causa do seu ardor evangelístico. A evangelização faz parte da cultura assembleiana. Na Convenção Geral de 1981, realizada no Estádio Felippe Drummond (conhecido como “Mineirinho”), em Belo Horizonte/MG, o missionário Bernhard Johnson declarou que as maiores necessidades das Assembleias de Deus no Brasil eram “preservar a agressividade evangelística que as tem caracterizado, e preservar a doutrina”.
As Assembleias de Deus crescem por causa da oração. Desde o início da década de 40, foi feito um apelo para que as igrejas orassem todos os dias em favor de um avivamento. Nesse mesmo ano, foi criado o Círculo de Oração. Para atingir as metas da Década da Colheita, foi necessário “levantar um exército de três milhões de intercessores”, conforme foi dito na Convenção de 1990, em São Paulo.
As Assembleias de Deus crescem por causa da simplicidade. O trabalho iniciou-se com missionários pobres, que se infiltraram nas camadas mais desfavorecidas do país. O pastor José Wellington Bezerra da Costa costuma dizer: “A Assembleia de Deus tem uma auréola de simplicidade colocada pelo próprio Deus; e no dia em que nós perdermos essa auréola, nós seremos como um grupo religioso qualquer”.
Conclusão
Os dados sobre Religião, do Censo 2022, ainda não foram divulgados. Mas estimativas preveem que a população assembleiana está em franco crescimento, podendo chegar a 30 milhões de pessoas. O aceleramento da transição religiosa, no país, está em pleno andamento e as Assembleias de Deus são parte importante nesse processo. Nada mal para quem chegou em terras brasileiras sem nenhuma garantia além da promessa de Deus!
Geisel de Paula
Fontes:
ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. Editora CPAD. Rio de Janeiro/RJ. 1ª edição. 2007.
https://www.youtube.com/watch?v=ixG2udEv9z4 https://www.ultimato.com.br/conteudo/o-crescimento-das-assembleias-de-deus-no-brasil-e-suas-razoes
https://www.ultimato.com.br/conteudo/o-crescimento-das-assembleias-de-deus-no-brasil-e-suas-razoes